Fokker Dr.I (Kit Revell 4116)

Escala 1/72

Por: Flavio Azevedo

Fotos: Heliandro Abreu Rosa

Surpresa entre os modelistas de Aviação na escala 1/72, o lançamento do kit No.4116 pela Revell Alemã veio completar uma lacuna entre as principais aeronaves da Primeira Guerra Mundial.

Esta é uma matriz completamente nova e não tem nada em comum com o kit anterior deste avião produzido na mesma escala pela Revell dos Estados Unidos nos anos 60, e que foi comercializado também no Brasil quando esta marca era injetada aqui.

O modelo tem moldagem excelente e um nível de detalhe totalmente satisfatório, até mesmo para os mais exigentes. É injetado em plástico vermelho com peças muito bem resolvidas. Há detalhes internos que permitem a construção do modelo sem maiores adições ao cockpit, a não ser algumas peças dos cintos de segurança. A parte externa possui os detalhes necessários e o encaixe das peças possibilita uma construção parcial antes da pintura, deixando a instalação das asas intermediária e superior para a etapa final, após pintadas.

As instruções de montagem são claras e as opções de pintura são para duas aeronaves, pilotadas pelos irmãos Manfred e Lothar von Richtofen em 1918.

A Aeronave e o Ás

O Fokker Dr.I ("Dr" de Dreidecker ou tres asas) foi concebido após o sucesso de seu rival ingles produzido pela Sopwith a partir de 1917, o que impressionou os pilotos e logo após a industria aeronáutica alemã da época. Como resultado surgiu um aeroplano completamente novo (e não uma simples cópia do modelo ingles), que fez sua estréia em Agosto de 1917 nas mãos do então já consagrado ás Manfred von Richtofen no Jagdgeschwader Nr.I.

É interessante notar que embora o Dr.I tenha ficado permanentemente associado à figura de Richtofen, a maior parte de suas 80 vitórias foi obtida em aeronaves Albatros, mas justamente por ter encontrado a morte em 21 de Abril de 1918 pilotando este modelo, até hoje é conhecido por muitos como "O Avião do Barão Vermelho".

Durante muitos anos, foi creditada ao piloto canadense Roy Brown a vitória sobre Richtoffen, mas ficou provado recentemente que o ferimento que causou sua morte foi oriundo de um disparo do solo feito por um atirador australiano. Richtoffen, mesmo ferido gravemente, foi capaz de pousar sua aeronave praticamente intacta (somente o trem de pouso foi danificado) antes de morrer já no solo.

O Modelo

O kit Revell fornece decais para a construção do avião utilizado pelo Rittmeister Manfred von Richtoffen em sua configuração de Março de 1918, com a pintura totalmente vermelha e as insígnias do tipo "Cruz de Malta". Esta é apenas uma das várias aeronaves utilizadas por Richtoffen durante seu período de combate.

Nas versões anteriores, o vermelho era aplicado apenas na parte superior da asa e em algumas partes da fuselagem. Para a versão final (da mesma aeronave 425/17 representada no kit) toda a deriva foi pintada de branco e as cruzes foram modificadas para o padrão retilíneo, utilizado a partir de Abril de 1918.

Como minha opção foi reproduzir a versão final os decais tiveram que ser feitos a partir de folhas com côres sólidas (branco e preto), utilizando apenas a matricula da folha do kit.

A montagem foi iniciada pelo interior e seus detalhes. A instalação do assento foi deixada para o final, possibilitando assim utilizar a abertura do cockpit para a colocação de um "canudo" de papel que ao mesmo tempo serve de máscara para o interior e para a manipulação do modelo quando da pintura.

A construção do modelo demanda alguma atenção no sentido de evitar problemas com a pintura, já que a montagem de três planos de asa não permite um bom acabamento se realizada por inteiro antes da aplicação da côr. Assim, aproveitando a ótima qualidade do encaixe das peças, foi possível preparar a fuselagem e a asa inferior, trabalhando as asas intermediaria e superior em separado. O mesmo se aplica à deriva, deixada em separado do restante da fuselagem, já que sua côr é totalmente branca.

Concluida a montagem principal, foi aplicado um fundo cinza (Mr.Surfacer 1000) em todas as peças. Após a rápida secagem deste, foi executada a pintura em branco acrílico brilhante (Tamiya X-02) em toda a aeronave. Este branco tem duas funções: a primeira é servir de base para os decais brancos das cruzes, e a segunda é realçar melhor a côr vermelha, aplicada a seguir.

Para esta foi adotado o esmalte sintético brilhante Testors (1103). Antes porém, foram feitas as mascaras das 6 cruzes, 4 nas asas (superior e inferior) e 2 na fuselagem (direita e esquerda). Neste aspecto, cabe a ressalva que as tintas acrílicas brilhantes não reagem bem ao mascaramento, perdendo bastante de seu brilho ao remover a fita, mesmo com um adesivo do tipo Tamiya (Masking Tape) que possui baixa aderência. As marcas deixadas são fortes e nem o polimento com o Tamiya Compound consegue restaurar o acabamento por inteiro.

Uma sugestão para a montagem deste modelo é deixar a estrutura do trem de pouso também em separado, pois por sua fragilidade fácilmente se quebra quando manuseando o modelo durante a montagem e pintura (no meu caso foram 3 quebras, sendo a última em tantas partes que foi necessária a construção de uma nova estrutura com perfis de poliestireno!).

Uma outra sugestão alternativa é para as rodas, e isto se aplica à todos os aviões da Primeira Guerra: faça uma cópia de uma boa roda (o kit do Dr.I possui uma ótima!) e molde os pneus em acrílico, removendo o cubo da roda copiada. Remova os pneus da roda do kit e ajuste a cópia ao cubo original. Depois é só pintar em separado, pneus e cubos. Isto traz uma grande vantagem no acabamento das rodas e o resultado é infinitamente melhor do que o original.

Os Acabamentos

Completada a pintura, é hora de partir para a montagem final. Neste caso, a precisão da matriz aparece logo, pois as asas se encaixam sem necessidade de nenhum tipo de emassamento. Apenas uma passagem de tinta com um pincel fino sobre as juntas resolve qualquer diferença que possa permanecer.

Para o par de metralhadoras Spandau, foram utilizadas peças fotogravadas Eduard, embora as fornecidas no kit tenham um ótimo nível de detalhe. O incoveniente é que as "jaquetas" são sólidas, o que prejudica o visual. A substituição por fotogravados valoriza muito as armas, que neste avião são bastante visíveis.

A colocação dos cabos tensores (estais) foi feita utilizando a técnica do "stretched sprue", ou seja, aquecendo e esticando as barras de poliestireno dos próprios kits. Partindo de um plástico cinza-metálico escuro é possível conseguir estais bem finos e na côr apropriada.

Para o motor, foi feita uma aplicação de esmalte cinza-metálico escuro e um posterior "wash" com preto para ressaltar as cavidades. Alguns elementos foram substituidos por fios de cobre para um maior realismo, sendo pintados em tonalidades metálicas. A côr da madeira da hélice foi obtida com a aplicação de tonalidades de marrom, diluidas com solvente e aplicadas simultaneamente sobre um fundo marrom claro aerografado anteriormente. Por fim, foram instalados os cabos de comando dos alerons, profundores e leme de direção, utilizando igualmente os "sprues".

Conclusão

O modelo Revell é sem dúvida uma pequena obra-prima e reproduz com muita fidelidade uma aeronave que tem seu lugar marcado na História da Aviação. Por seu preço (na faixa de US$7.00) é acessível à qualquer modelista que deseje possuir este avião em sua coleção. Pode ser construido apenas com as peças fornecidas no kit e ainda assim representar de forma muito boa a aeronave original. Seu pequeno tamanho requer, às vezes, um pouco mais de paciência do que o normal, pois há muita coisa concentrada em pouca área, o que torna a manipulação do modelo um pouco difícil. Mas, de uma forma geral, não apresenta grandes dificuldades ao modelista.

Referências Bibliográficas:

- Aircraft In Action No.1098 - Squadron/Signal Publications

- Aircraft of the Aces No.40 - Osprey Aviation

- Windsock Datafile No.5 - Albatros Productions

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